Quais os benefícios de dormir bem?

Vários aspetos da saúde e da qualidade de vida estão relacionados com a o sono e o tempo que passamos a dormir. Esses aspetos são prejudicados quando não dormimos bem.

Aprendizagem, memória e humor

Quando os alunos têm dificuldade em captar novas informações ou aprender novas habilidades são frequentemente aconselhados a "dormir sobre o assunto". Esse conselho parece estar bem fundamentado: vários estudos revelam que podemos aprender melhor uma tarefa se estivermos bem descansados e a ter boas noites de sono. Também podemos lembrar melhor o que aprendemos quando dormimos bem depois da aprendizagem ou do estudo, do que quando ficamos privados do sono.

Voluntários de um estudo tiveram que dormir pelo menos 6 horas para mostrar melhoria na aprendizagem. Além disso, a melhoria na aprendizagem estava diretamente relacionada a com o tempo de sono, por exemplo, os voluntários que dormiram 8 horas tiveram um desempenho superior àqueles que dormiram apenas 6 ou 7 horas. Outros estudos sugerem que é importante descansar o suficiente na noite anterior a um desafio mental, ao invés de dormir poucas horas ou dormir apenas depois de a tarefa estar concluída.

Muitos artistas e cientistas conhecidos afirmam ter tido ideias criativas enquanto dormiam. Mary Shelley, por exemplo, disse que a ideia para seu romance, Frankenstein surgiu num sonho. Embora não tenha sido demonstrado que sonhar é a força motriz por trás da inovação, um estudo sugere que o sono é necessário para a resolução criativa de problemas.

Os detalhes do que acontece durante o sono para melhorar a aprendizagem, memória, e criatividade não é totalmente conhecido, no entanto sabe-se que formam-se ou fortalecem-se as vias das células cerebrais necessárias para realizar essas tarefas. Este processo pode explicar por que é que dormir é necessário para o desenvolvimento adequado do cérebro dos bebés e crianças. Não é apenas necessária uma boa noite de sono para formar novos “caminhos de memória” no cérebro, mas também para que esses caminhos funcionem bem. Vários estudos mostram que a falta de sono faz com que os processos de pensamento diminuam. A falta de sono também torna mais difícil focar e prestar atenção e aumentar a “confusão”. Estudos também descobriram que a falta de sono leva a tomada de decisão falhadas e maior risco. A falta de sono diminui o tempo de reação, o que é particularmente importante para conduzir e noutras tarefas que exigem resposta rápida. Quando pessoas privadas de sono são testadas num simulador de condução, podem conduzir tão mal como pessoas embriagadas (Leia também o artigo “Bata na cama, não bata na estrada! Durma bem antes de conduzir”). Ou seja: Não ter uma boa noite de sono pode ser perigoso!

A maioria das pessoas relata ficar mais facilmente irritável ou infeliz quando dorme pouco. Pessoas que sofrem cronicamente de falta de sono, seja porque não passam tempo suficiente na cama ou porque têm um distúrbio do sono não tratado, correm maior risco de desenvolver depressão.

O seu coração

Dormir dá ao seu coração e ao seu sistema vascular muito descanso necessário. Durante o sono não REM, a sua frequência cardíaca e pressão arterial diminuem progressivamente à medida que o sono vai sendo mais profundo. Durante a fase REM do sono, em resposta a sonhos, a frequência cardíaca e respiratória podem aumentar e diminuir e sua pressão arterial pode ser variável. Essas mudanças ao longo da noite na pressão arterial e na frequência cardíaca e respiratória parecem promover a saúde cardiovascular.

Se não dormir o suficiente, a redução noturna da pressão arterial que parece ser importante para uma boa saúde cardiovascular pode não ocorrer. O facto de essa redução normal da pressão arterial não ocorrer durante o sono pode estar relacionada com o tempo insuficiente de sono, um distúrbio do sono não tratado (por exemplo, apneia do sono) entre outros fatores. Algumas anormalidades relacionadas com o sono podem ser indicadoras de doenças cardíacas e de aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC).

A falta de sono também coloca o seu corpo sob stress e pode desencadear a libertação de mais adrenalina, cortisol e outras hormonas do stress durante o dia. Essas hormonas impedem que a a sua pressão arterial reduza durante o sono o que aumenta o risco de doenças cardíacas.

A falta de sono também pode fazer com que seu corpo produza maior quantidade de certas proteínas que desempenham um papel nas doenças cardíacas. Por exemplo, alguns estudos mostram que pessoas que não dormem bem repetidamente têm níveis sanguíneos de proteína C reativa acima do normal, um sinal de inflamação. Altos níveis desta proteína podem indicar um aumento risco de uma condição chamada aterosclerose, ou endurecimento do artérias.

As suas hormonas

É frequente ouvirmos os pais dizerem aos jovens que precisam de dormir bem para crescerem fortes e altos. Certamente esses pais têm razão. O sono profundo (estágio 3 do sono não-REM) desencadeia maior libertação da hormona de crescimento, que contribui para o crescimento das crianças e aumenta a massa muscular e a reparação de células e tecidos em crianças e adultos. O efeito do sono na libertação de hormonas sexuais também contribui para a puberdade e fertilidade. Consequentemente, mulheres que trabalhem à noite e tenham tendência a não dormir podem apresentar risco aumentado de aborto espontâneo.

Os pais provavelmente também estão certos se disseram que dormir bem e de forma regular reduz a hipótese de ficar doente e ajuda a recuperar se ficar doente. Durante o sono, o seu corpo cria mais citocinas - hormonas celulares que ajudam o sistema imunitário a combater várias infeções. Não dormir pode reduzir a capacidade do seu corpo combater infeções comuns. Um estudo mostrou que dormir pouco pode reduzir a resposta do sistema imunitário à vacina da gripe: voluntários privados de sono produziram menos de metade dos anticorpos contra a gripe do que aqueles que descansaram bem antes de tomarem a mesma vacina da gripe.

Embora a falta de exercício e outros fatores também contribuam, a atual epidemia de diabetes e obesidade parece estar relacionada, pelo menos em parte, ao sono repetidamente curto ou interrompido ou por não dormir bem durante a noite. São crescentes as evidências de que o sono é um regulador poderoso do apetite, do uso de energia e do controlo de peso. Durante o sono, o corpo aumenta a produção de um supressor de apetite, a leptina, diminui a produção de um estimulante do apetite, a grelina. Estudos mostram que quanto menos as pessoas dormem, maior a probabilidade de desenvolverem excesso de peso ou obesidade e preferem comer alimentos ricos em calorias e carboidratos. Pessoas que relatam dormir em média 5 horas por noite, por por exemplo, são muito mais propensas a tornarem-se obesas, em comparação com pessoas que dormem de 7 a 8 horas por noite.

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